11 julho 2010

AO QUADRADO - Exposição Alejandro Zenha

Ao Quadrado, individual de Alejandro Zenha, reúne telas de cores vibrantes inspiradas nas linhas da cidade

Exposição: Ao Quadrado
Artista: Alejandro Zenha
Visitação: De 8 de julho até 6 de agosto, de terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas
Local: Potrich Galeria de Arte Contemporânea (Rua 52, nº 689, Jardim Goiás). Telefones: 3945-0450 e 3945-0451

Como arquiteto, Alejandro Zenha se habituou a olhar para a cidade, observando suas formas, seu traçado, sua conservação ou depredação. Como artista plástico, o olhar poderia ser o mesmo, mas se direciona para um universo mais libertário, criativo. É na união desses olhares que surgem telas de cores vibrantes em paisagens topográficas de fortes expressões e linhas marcantes. As obras da nova série, num total de 39 trabalhos em acrílico sobre tela, serão expostas a partir de hoje na Potrich Galeria de Arte. A exposição Ao Quadrado, a segunda individual do artista, apresenta a visão do urbanismo com a interferência da tecnologia e pode ser visitada até o dia 6 de agosto.

No material de divulgação da mostra, o crítico de arte Enock Sacramento define o artista como "um poeta visual". "Transitando ente a fotografia, o desenho, a pintura, além da arquitetura, Zenha identifica em cada um destes segmentos artísticos possibilidades de linguagem e procura utilizá-las na construção de uma obra identificada com o espaço", escreve o crítico. "A cidade funde-se à tecnologia, misturando planejamento estratégico com programação de sistemas. Metrópole e tecnologia se encontram, se completam, conceituam-se uma a outra", acrescenta o curador da mostra, Antônio da Mata.

Alejandro  Zenha nasceu em Goiânia em 1979 e se formou em Arquitetura e Urbanismo pela PUC-GO em 2003. Autodidata, ainda criança se envolveu com a arte acadêmica. Foi a formação universitária que o estimulou a pintar a cidade. "Sempre tive esse olhar, e isso me levou a fazer Arquitetura. Mas a faculdade mudou minha visão de cidade. Antes, minha obra era mais poética, sensitiva", conta. Seus desenhos sempre exploraram linhas e traços. Hoje, elas estão mais "soltas e espontâneas", como ele mesmo define. "Fui me soltando, com o amadurecimento, aprimorei a técnica", explica.

Para o artista, a cidade é o caos, por isso, utiliza cores fortes como preto e vermelho, numa expressão visceral. "Na tela tenho a oportunidade de criar a cidade que imagino. Pinto o caos urbano, o explosivo", diz, assumindo alguma influência do grafite. "Como arquiteto não tenho essa liberdade. A arte me dá emoção e poesia", assume.

Art déco
Nas formas geométricas das telas, são visíveis os traços da art déco, uma característica da arquitetura de Goiânia. O artista, porém, garante que não foi intencional. "As linhas retas, o ortogonal estão presentes. Por eu ser goianiense não teria como fugir desses traços. Mas é apenas uma influência. Nunca tive interesse de pintar o arte déco", ressalta.

E é como transeunte, que percorre a cidade observando detalhes como as linhas de uma calçada quebrada, que Alejandro Zenha faz suas pesquisas e busca inspiração de forma natural. "Para exercer a arquitetura, convivo com mapas e projetos. Tudo me influencia, a pesquisa é um trabalho contínuo e vem quase que exclusivamente em função do olhar."

A referência à tecnologia presente nas obras é sentida na fiação elétrica, que remete o artista à comunicação e à união entre as pessoas. Ele frisa, no entanto, que não se prende à realidade pura. "Eu me permito prestar atenção na bagunça, no caos da cidade. O humano não é assim. O artificial demais, muito projetado, não me interessa como artista plástico", afirma. Por isso, Alejandro Zenha trabalha diariamente essa dualidade entre arquitetura e arte, entre os projetos que desenha e os desenhos que cria. Assim, olhar para sua obra pode significar perceber uma cidade em traçados disformes e caóticos ou simplesmente enxergar retângulos de uma arte abstrata. "Não tenho a pretensão de pintar cidades, não urbanizo a tela", confirma o artista.

Ao Quadrado, nome da mostra, tem a ver com o cartesiano. De forma proposital, todas as telas são quadradas, no formato 1m X 1m. Alejandro Zenha quis trabalhar com módulos, criando um quebra-cabeças, brincando com os quadrados. A razão, ele diz, é que a cidade é assim. Na sua releitura da cidade, as possibilidades são múltiplas. Até quando se pensa no aspecto da destruição do patrimônio. "Vivemos um momento ambientalista e procuro olhar para a própria casa, que é a cidade."

A primeira individual de Alejandro Zenha, Lugares (in)possíveis, foi realizada em 2009 no Museu de Arte de Goiânia. O artista já integrou também algumas coletivas e foi premiado no 31º Concurso Novos Valores da Fundação Jaime Câmara, no ano passado.  A exposição Ao Quadrado reúne apenas pinturas de Alejandro Zenha. Na terça-feira, ele abre outra exposição, Fôlego, no Museu de Arte de Goiânia, levando também objetos, desenhos e fotografias. Nesta outra mostra, estarão expondo, além de Alejandro Zenha, os artistas Bruno Melo, Yara Pina e Wander Bueno. A curadoria é de Gilmar Camilo.



Texto escrito pela jornalista Ana Cláudia Rocha - jornal O Popular
Imagens: acervo Jornal O popular

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